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Sexo, Mentiras e Feminismo por Peter
Zohrab
O tradutor: Jacinto Castanho
Introdução: O
que é o feminismo? |
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Rendall (The Origins of Modern Feminism: Women in Britain, France and
the United States, 1780-1860, London:Macmillan, 1985) determinou que a
palavra “feminismo” foi usada pela primeira vez em 1894. É derivada da palavra
francesa “feminisme” que, aparentemente, foi inventada pelo Socialista Utópico
Francês, Charles Fourier.
Tentarei dar uma definição de Feminismo que contemple todos os “feminismos”
mencionados neste livro e, talvez, não só. As feministas, parecem ter alguma
dificuldade em definir Feminismo. Esta dificuldade provém, em grande parte,
do facto de estas terem conquistado as sociedades ocidentais de forma tal, que
restaram poucos não-feministas com os quais possam contrastar.
Os grupos normalmente definem-se em relação aos não-membros, e como este
grupo em particular não tem, de forma articulada, não membros, acaba por ter
uma imagem difusa de si próprio. Espero ser útil neste objectivo, que, tal como
este livro refere, o modelo de vítimas da opressão ajusta-se ao homem pelo menos
tão bem como à mulher, e que o opressor dos homens são as feministas, e alguns
homens excentricamente quixotescos. A meu ver, este livro serve este objectivo,
mas cabe ao leitor julgar se fui ou não bem sucedido.
Outro problema que se coloca a quem pretende definir “Feminismo” é, visto
que cada geração de Feministas se retira após ter ganho a sua batalha, a próxima
geração aparece com um novo conjunto de preocupações, queixas e exigências.
Ao longo da maioria do século dezanove, as feministas estavam concentrados na
obtenção do direito de voto e direito de propriedade. Após o fim da Segunda
Guerra Mundial, os objectivos foram primeiro o emprego e o aborto, e depois
os crimes em que a mulher era a queixosa e o homem os alegados culpados, por
exemplo, violação, violência doméstica e abuso sexual infantil. Estas diferentes
gerações tendem a definir-se em termos dos seus próprios objectivos políticos.
Isto confunde qualquer tentativa de obter uma visão geral deste movimento político:
Um problema central no discurso feminista tem sido a nossa incapacidade,
quer para chegar a um consenso de opinião sobre o que é o feminismo, quer para
aceitar definições que possam servir objectivos de unificação. Sem um acordo
de definições, falta-nos uma base sólida sobre a qual erguer uma teoria ou
empreender um trabalho significativo. (Bell Hooks, Feminist
Theory: From Margin to Center, Boston: South End Press, 1989, p. 17)
Esta incerteza sobre a essência do Feminismo é um dos contrastes do Feminismo
Pós-moderno (ver capítulo 6). No seu início, as feministas não tiveram tanta
dificuldade em definir Feminismo. Um livro sobre Feminismo editado pelo Women’s
Studies Group (1979), por exemplo, apesar de se declarar incapaz de dar uma
definição clara da própria disciplina de Estudos sobre Mulheres, deu a definição
seguinte da sua matéria - Feminismo. Considero esta uma excelente definição,
e a minha própria definição é muito parecida.
Entendemos por feminismo, uma consciência da posição de desvantagem das
mulheres na sociedade ou de desigualdade em relação à do homem, e também um
propósito de acabar com esta desvantagem. (Bristol Women’s
Studies Group, Half the Sky: An Introduction to Women’s Studies,1979,
p. 3)
Um não-feminista poderá sentir que esta definição demonstra um exercício
mental razoavelmente racional, visto que deixa uma porta aberta para uma discussão
lúcida sobre se continua a ser verdadeiro afirmar que a posição da mulher na
sociedade é uma desvantagem ou desigualdade. O propósito de acabar com esta
desvantagem ou desigualdade deveria supostamente desaparecer se, depois de um
período de diálogo entre feministas e não-feministas, se concordasse que de
facto não existia. Mas contrastemos isto com a mentalidade implícita no texto
seguinte:
Se o feminismo é definido em termos gerais como o caminho para uma sociedade
sexualmente justa, muita gente partilha ao menos de alguns dos seus objectivos,
embora não se identifiquem com o termo. (Meehan, British
Feminism from the 1960s to the 1980s, in Smith (ed.) 1990, p. 189)
O problema desta definição é que simplesmente toma como certo, e não como
ponto aberto à discussão, aquilo que a definição anterior pretende, isto é,
que a posição social das mulheres é desvantajosa relativamente à dos homens.
Uma feminista é (como a palavra sugere) quem está principalmente, se não exclusivamente,
interessado em fazer valer o ponto de vista feminino e as pretensões das mulheres.
Assumir isto simplesmente é o mesmo que sugerir que justiça sexual é incutir
a uma das partes a ideia de que o diálogo com a parte não-feminista é virtualmente
impossível. Uma boa definição de feminista aparece num folheto que publicita
as sessões públicas de 1993 da National Conference of the New Zealand Women’s
Electoral Lobby (WEL), em Wellington, Nova Zelândia:
WEL define feminista como alguém que acredita que as mulheres estão social
e economicamente em desvantagem devido ao seu sexo e actua de acordo com essa
crença.
Este é outro ponto de vista interessante do
Feminismo:
O feminismo não é, do meu ponto de vista, um conjunto de respostas feitas,
nem um compromisso a uma ideologia particular. É antes uma determinação em perseguir
questões onde quer que elas nos conduzam. O feminismo insiste na determinação
em ouvir com toda a atenção a experiência das mulheres com o objectivo de reformular
os nossos pensamentos e acções. É assim mais que um método de diálogo criativo
do que um conjunto de ideias pré-estabelecidas. Feminismo é um caminho para
o bem estar das mulheres, tendo em vista a justiça em vez de patriarcado, embora
o conceito de bem estar das mulheres não seja antecipadamente conhecido. (Pellauer:
Moral Callousness and Moral Sensitivity: Violence against Women, in Andolsen
et al. 1987, p. 34)
Esta declaração engloba um equívoco a respeito da natureza de ideologia.
Nenhuma ideologia, como nenhuma religião, é capaz de antecipar todos os problemas
que possam surgir, e deste modo os problemas são interpretados à luz das circunstâncias
prevalecentes pelos seguidores de determinada religião ou ideologia particular.
As outras ideologias são tão viciadas como o Feminismo, tendendo a determinar
quais as questões colocadas pelos seus aderentes, e não a fornecer todas as
respostas que sejam prontamente colocadas. Esta é a razão porque existem tantas
versões de Marxismo, e a razão porque existe debate teórico sobre o ponto de
vista Marxista sobre tantos assuntos.
Estou certo que o Feminismo tem sempre, e com grande à-vontade, seguido
questões não se importando onde elas possam conduzir, mas o problema é que a
ideologia Feminista determina primeiro quais as questões que devem ser colocadas.
Este livro aponta os tipos de questões inerentemente tendenciosas que as feministas
colocam sempre, e eu sugiro outras questões que podemos e devemos colocar também.
As feministas, como Pellauer afirma, ouvem a experiência das mulheres
com muita atenção, mas não ouvem a experiência dos homens com a mesma muita
atenção. Esta é uma indicação clara da tendência inerente à ideologia Feminista.
A razão porque o Feminismo revelou esta realidade, o seu segredo metodológico,
é que o Feminismo está construído sobre a crença de que a mulher é sexualmente
usada e abusada pelo homem. (Catharine A. MacKinnon,
Feminism Unmodified, p. 5)
O corolário não mencionado disto, é certamente, que elas não acreditam
nos homens. Esta visão parcial pode também conduzir as feministas (e todo o
sistema judicial ocidental) a percursos não científicos, como se vê no livro
de Lenore Walker, The Battered Woman, no capitulo sobre violência doméstica.
Como Pellauer afirmou, feminismo é uma determinação para o bem estar das
mulheres, mas não uma determinação para o bem estar dos homens. Sempre que houver
um conflito entre o bem estar das mulheres e homens, não há qualquer dúvida
quanto ao lado de que estão as feministas. Como veremos no capítulo sobre a
circuncisão, as feministas ocidentais falam na mutilação genital feminina nos
países do Terceiro Mundo, mas quando interrogados sobre a mutilação genital
masculina nos seus próprios países, desvalorizam a questão por se tratar de
um assunto de homens. Podemos admitir que não nada de errado em ter uma tendência,
contudo, as feministas reclamam o seu objectivo de igualdade sexual, e as Feminazis
(feministas totalitárias) tentam activamente impedir que as posições dos activistas
dos direitos dos homens se propaguem em base de igualdade com as ideias feministas.
Neste caso a tendência assume os contornos de um problema sério.
A minha aproximação ao problema visa definir feminismo como a aplicação
do modelo das vítimas da opressão à situação das mulheres na sociedade.
Deste modo um feminista é aquele que acredita que este modelo (em qualquer sociedade)
se ajusta melhor à situação da mulher do que à situação do homem. Isto não implica
que todos as feministas acreditem que os “opressores” das mulheres são os homens,
alguns acreditam que o real opressor é a própria sociedade, e os homens, eles
também, são oprimidos pela rigidez dos papeis que a sociedade os força a adoptar.
Na minha opinião, isto bastaria como definição. No entanto, podemos acrescentar
que as feministas estão limitados a ser génerocentricos e incapazes de ver quaisquer
evidências de que os homens são discriminados e oprimidos. Algumas feministas
concordam sinceramente que os homens são oprimidos pelos papeis do género masculino
mas argumentam:
(1) que
isto é um problema dos homens e não seu, e
(2) tal como a mulher
foi “libertada”, os homens serão também libertados.
Entretanto, o tipo de problemas que discutirei neste livro não são o tipo
de problemas causados pelos papeis de género, excepto na medida em que agora
o papel da mulher nas sociedades ocidentais é oprimir o homem ignorando as suas
necessidades e concentrando-se nos supostos direitos da mulher. Assim o feminismo
é de facto um estado de espirito, o que significa que é improvável que morra
devido a falta de assuntos para propaganda. Se o assunto não existir elas terão
que o inventar (tal como Voltaire afirmou acerca de Deus).
Ao indicar isto, discordo fortemente com Simone Weil, que afirmou, “a
opressão provém exclusivamente de circunstâncias objectivas” (Simone Weil, Oppression
and Liberty). Isto é uma espécie de ponto de vista ingénuo, embora compreensível,
vindo dela como defensora de um activismo anti-conformista. O que eu digo é
que a presença ou ausência de “opressão” tem que ser determinada por seres humanos
falíveis. Por vezes parecerá que estão a tentar encontrar opressão onde as circunstâncias
objectivas podem não parecer a terceiros apropriadas para tal análise.
Reciprocamente, situações de opressão real podem ser, e são, sobreestimadas
por pessoas que têm uma ideologia que as cega perante uma forma particular de
opressão. O presente livro é, em parte, uma tentativa de agitar os hipnotizadores
da opinião pública que estão absorvidos na tarefa de impedir que alguém veja
que há homens que podem estar oprimidos.
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19 June 2015 |
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